Por decisão do ministro Ricardo Lewandoski, do Supremo Tribunal Federal (STF), a investigação sobre suspeitas de irregularidades durante a campanha eleitoral do deputado federal Euclydes Pettersen (PSC-MG), que pode resultar até mesmo na cassação de mandato, está suspensa há dois meses – e mudanças nas equipes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que cuidam do caso podem gerar uma demora ainda maior na conclusão. Em abril, Lewandoski acatou recurso da defesa do parlamentar para que o inquérito fosse levado ao STF, uma vez que, agora, Pettersen possui foro privilegiado. A ação surpreendeu promotores e advogados envolvidos no caso, uma vez que a própria Corte já decidiu que não há o recurso de foro por fatos praticados antes do exercício do mandato. Nos dois meses em que a investigação está suspensa, o ministro também ainda não avaliou os recursos interpostos pelo MP. Interlocutores ligados ao inquérito mostram apreensão com a baixa celeridade do processo no Supremo, uma vez que a função eleitoral dos promotores de Justiça é temporária e vence a cada dois anos. Os três agentes que atuam no caso, inclusive, deixarão o setor em outubro. “Os nomes que vão entrar no lugar, apesar da competência, de certo vão demorar para conhecer todos os detalhes, o que pode gerar prejuízo à memória investigativa do fato e, assim, favorecer a impunidade em atos de corrupção”, disparou uma fonte com conhecimento do caso, sob a condição de anonimato. Em janeiro, o MPMG e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram a operação Caixa Fantasma em Governador Valadares, na região do Rio Doce, e que tinha o deputado eleito como um dos alvos. A investigação apontou possíveis irregularidades na campanha de Pettersen. A estrutura de um hospital local teria sido usada para garantir a promessa de tratamento de saúde feita aos eleitores. A facilitação a esse hospital se dava por intermédio do ex-deputado Jayro Lessa. O MP afirma que ele “tinha acesso” a nada menos que 21 procedimentos cirúrgicos, e os utilizava para a prática da compra de votos. Em meio ao material em posse dos promotores, há vídeos gravados de conversas por aplicativos de telefone, em que o deputado eleito marca consultas no hospital. A gravação foi feita durante a apuração de outra operação, a Octopus, que investigou um esquema de corrupção na prefeitura de Divino das Laranjeiras, na região de Valadares, entre 2005 e 2016.
As informações são do portal o Tempo.